quarta-feira, 18 de março de 2009

Entrevista com Fábio Ribeiro da Banda André Matos

Fábio Ribeiro

Blog - Porque a escolha do teclado como instrumento de trabalho, sendo que você havia tocado guitarra no início da sua carreira musical nos anos 80 na banda Annubis ?

Fábio - Eu comecei a estudar piano erudito em 1975 e concluí este curso em 1986. No início dos anos oitenta, eu já havia tomado gosto também pela guitarra. Meu pai era professor de violão erudito e eu costumava ficar assistindo ele tocar, foi inevitável o interesse pelas seis cordas. Também já havia começado a ouvir heavy metal por influência de amigos, e isso só intensificou minha vontade de arriscar em um instrumento novo. Com a passagem do primeiro Rock’n’Rio, aquilo tudo virou uma obsessão. Meus pais então me presentearam com um set de guitarra completo, com pedaleira, amplificador e tudo mais. Fui então convidado pelo baixista Fábio Zaganin, antigo colega de escola, a integrar a banda de rock progressivo instrumental que ele fazia parte, chamada Annunbis. Todavia, em menos de um ano, todos os integrantes da banda fizeram a sugestão para que eu migrasse para os teclados, em vista da óbvia diferença de habilidade que eu tinha entre os dois instrumentos. A banda também precisava de sonoridades diferentes e mais versatilidade para os arranjos. Não tinha como discordar, e então adquiri meu primeiro instrumento eletrônico de teclas, um híbrido de órgão e sintetizador de fabricação nacional. Simultaneamente comecei a me interessar pela parte tecnológica do instrumento, um universo extremamente vasto e cativante que me envolveu completamente e hoje é também uma das áreas profissionais nas quais atuo.

Blog - Como foi ingresso na Banda André Matos?

Fábio - Conheço o Andre desde 1987, quando ele ainda era vocalista o Viper e eu tocava com uma banda chamada A Chave do Sol. Fizemos diversos shows em conjunto na época. Em 1992, fui convidado a integrar sua nova banda, o Angra, como tecladista convidado para apresentações ao vivo. Fiz o primeiríssimo show desta banda em abril de 1993. Todavia tive que me ausentar pouco tempo depois, durante as gravações do primeiro álbum – Angels Cry – para trabalhar como consultor para a Korg. A proposta era muito boa, com estabilidade e ótima remuneração, porém seria impossível conciliar as duas coisas. E ninguém na época sequer imaginava até onde a banda chegaria, então fiz minha opção. Felizmente, isso foi remediado em 1999, quando o tecladista que me substituiu deixou a banda e eu fui convidado a retornar. Fiz toda a turnê do álbum Fireworks e permaneci com o Angra até sua primeira ruptura no ano 2000. Seguimos juntos com um novo trabalho, o ShaAman, banda na qual permaneci durante toda a sua existência, de 2001 a 2006. Gravamos três álbuns e um DVD juntos. Quando fomos todos obrigados a deixar a banda, o Andre finalmente aceitou as diversas propostas para uma carreira solo. Porém sua idéia foi a de manter o formato de banda, onde todos os integrantes pudessem colaborar de forma equivalente como sempre. Desta vez, ao contrário das outras duas bandas, fui integrado como membro oficial. Isso para mim é muito importante, pois desta vez estou podendo expressar minha identidade musical, compor ao lado da banda e participar de todas as decisões. Uma ótima maneira de mostrar a minha cara e o meu som em um trabalho de qualidade e grande abrangência.

Blog - A banda André Matos fez uma programação de shows em grandes países da Europa no mês de Janeiro de 2009. Qual é o país, em semelhança de público, que mais se aproxima do Brasil?

Fábio - O Brasil possui um dos públicos mais calorosos do mundo, é difícil fazer comparações. Na Europa, a banda é muito apreciada. Reconquistamos todo o nosso território com esta turnê no início do ano e os resultados foram surpreendentes, abrindo também novos caminhos.Mas acredito que, em termos de receptividade, empolgação e “calor”, a França, a Itália e a Espanha sejam os países mais parecidos com o Brasil.

Blog - Existe algum preparo físico e/ou metal antes de cada apresentação?

Fábio - Na verdade, atualmente não. Fazemos apenas um pequeno ritual de concentração. Eu tenho uma particularidade engraçada, um fato que acontece religiosamente pouco tempo antes de cada apresentação. Não sei se minha adrenalina bate ao contrário ou qual seria o real motivo, mas sempre me sinto muito relaxado, e até com um pouco de sono. Isso já virou motivo de piada, pois no camarim eu estou sempre bocejando, sinal de que o show está para começar. Claro que essa sensação desaparece logo na primeira música...